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sábado, 1 de agosto de 2015

Sobre Machado e O Alienista


Eu já li esse pequeno livro umas sete vezes, e cada vez que eu leio eu analiso a obra de uma forma diferente (talvez percebendo coisas que não havia percebido antes). O Alienista sem dúvida é a minha obra favorita do nosso querido Machado de Assis, isso porque foi um livro que eu tive que ler duas vezes para entender, mais uma para apreciar, outra para absorver as ideias passadas e outra para finalmente tirar minhas próprias conclusões, contando já foram cinco vezes, ou seja, o livro decididamente torceu meus miolos e me tirou do sério.


Isso porque O Alienista é um tapa na cara de todos aqueles que seguem um padrão de normalidade, pelo menos ao meu ver, agora vamos a uma sinopse colada da internet:

 O Alienista - As crônicas de Itaguaí, contam que viveu ali em tempos remotos um certo médico o Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza do lugar e o maior dos médicos do Brasil, Portugal e Espanha. Com o fim de estudar a loucura, ele trancafia no asilo que construíra e dera o nome de Casa Verde, um quinto da população da vila. Para ele o normal seria algo homogêneo repetido ao infinito, qualquer pessoa com um gesto ou pensamento que fugisse a rotina era objeto de seus estudos. A população aterrorizada se revolta, e aí outros tantos passam a morar no asilo. Mas, Simão Bacamarte tão atento às estatísticas, lembra que a norma está sempre com a maioria, e que é esta afinal quem tem razão. Refaz a teoria, solta os recolhidos e sai ao encalço daqueles poucos que, possuíam coerência moral. Em pouco tempo ele cura a todos, ninguém mais possuía nobres sentimos morais. Só um. Ele o próprio alienista era o único digno de ser trancafiado na Casa.

Pois bem, agora vamos a minha lambança, Machado foi decididamente brilhante nessa obra, e olha que eu sempre torci o nariz com essa literatura dita como "classuda" que o povo só lê para passar uma imagem de intelectual patriota hipster, porém devo admitir o Alienista me surpreendeu. 

Eu senti a ironia do nosso querido Machado desde o início da obra, e isso me fez sorrir, o autor brinca com conceitos de razão e loucura, o que nos faz parar, pensar e perceber que no fim somos todos loucos (eu percebi isso pelo menos), o protagonista Simão Barcamarte é um homem completamente dedicado aos estudos da mente humana, e no livro é como uma celebridade de Itaguaí, a forma como as coisas vão se desenvolvendo na obra é natural, porém cheia de mensagens ocultas, eu particularmente gosto muito dessa coisa de ser mais do que aparenta, e sem sombra de dúvida O Alienista é um exemplo disso.

O livro me fez parar e analisar que existe uma linha tênue (ou não existe linha nenhuma) que divide a razão da loucura, principalmente quando eu parei e analisei os costumes da época em que a história se passa, e de uma coisa eu sei: eu com certeza seria trancafiado na Casa Verde (pelo menos na primeira chamada) e acho que muita gente (praticamente todo mundo) iria ser trancado também, pois o que pera nós hoje em dia é normal, para eles era o cúmulo da loucura, e vice e versa, é por isso que eu acho uma idiotice gigamensa essa coisa de tentar manter os padrões, é inevitável os valores mudam, os tempos mudam, e nós como seres humanos adaptáveis temos de seguir o fluxo.

A questão é que no fim nada é normal (ou nada é anormal) porque tudo vai se modificar e o que hoje e considerado grotesco, amanhã será considerado fabuloso e assim vai, porque para e pensa: A Lady Gaga provavelmente seria a primeira a rodar na época da inquisição, e hoje em dia ela e uma diva divissíma pop, adorada por uma legião de fãs e pasmem, vive tirando sarros (muito sagazes diga-se de passagem) com a igreja em seus vídeo clipes.

Tá Daniel, e o que isso vai acrescentar na minha vida? PORRA NENHUMA. Não, espera ai que eu tenho algo a dizer: O lance, é que hoje, principalmente nas redes sociais, as pessoas estão preocupadas demais em manter ou quebrar padrões, sendo que infelizmente não percebem que ao longo do tempo esses padrões são modificados, e ninguém pode fazer absolutamente nada para mudar isso, outras tentam adequar-se em uma coisa que elas não são para tentar agradar os outros e acabam sabotando a própria felicidade, e ai quando o tempo passar elas infelizmente irão perceber que os "Seus esforços para sair bonita na foto da sociedade" foram em vão, pois, os filtros foram modificados, e o Instagram da vida foi atualizado.

Então o que eu levo para mim de O Alienista é: somos todos loucos, e ser louco a própria maneira é ser feliz, não tente ser normal a maneira dos outros, porque não tem nada normal (ou melhor tudo é normal, ai eu estou me confundindo), tudo vai mudar, sempre muda e é essa a graça da coisa, aventurar-se no desconhecido e viver as novas experiências promovidas pela mudança.

Por isso seus lindos e feios, leiam O Alienista é bem legal, provavelmente vocês irão entendê-lo dez vezes mais rápido do que eu (se é que eu entendi realmente alguma coisa), aposto que a leitura dessa obra vai te fascinar.

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